segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Não me ajude

Estou cercado por papel,
De um lado é trabalho,
Do outro são contas,

Nada que seja confortável, nunca fui um rato de biblioteca.
Era rato de bar, mas nem isso sou mais.

E pela maior diversidade de motivos,
Procuro escrever pois não posso procurar mais nada,
Veja bem, enquanto escrevo perco tempo,
Tempo que bate, que gira, que foge,
Não some, sacode,
Me torce, me quebra, divide,
Reparte, não parte,
Se é parte? Do que? Não sei,
Não faço ideia de onde o avião parte,
Trabalho, letras, números sem títulos,
Bandeiras sem números,
Números que já não entendo,
Poemas que já não escrevo,
Sentimentos? Não cedo,
Tão cedo, de novo,
Eu corro!
Que parto, não consigo,
Não quero ajuda,
Não tem tempo.

Não me ajude,
Não olhe pra mim!

E se me vir chorar,
Foi por que algo muito importante você é,
E então acredite,
Acredite que não verá novamente,
Lágrima alguma cai deste rosto,
Se não por ódio de mim mesmo.

Não choro por outros,
Nem por dor,
Nem por tempo,

Muito menos choro pela bosta que fica este poema, texto, ou seja o que for.
Não ligo,
Não tente me dizer o certo,

Não choro,
Eu choro,
Que ódio, o ódio que tenho de mim mesmo,
É uma brincadeira,
É uma guerra,
Uma noite sem dormir,
Vejo a cama que está prestes a sumir,

Mas não choro,
Eu choro,
Só por ódio mesmo,
De meu corpo,
De meu coração...

Pois já não ligo,
Não quero ajuda.

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