quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Nada nunca serei

Certo dia me via calado,
Deitado, no silêncio isolado,

No meu peito não havia botão algum,
Como os botões que via no peito de outros mais,
Nas ruas, nos bares,
Nas casas e nos metrôs,

Eram como estátuas com corações,
Mas desligados,

E eu andava por entre eles,
Como gente,
Porém nem metade era,
Nem a outra era alguma coisa,
Coisa alguma!
Mal sabia o que lá fazia a noite densa,
Que caia sobre todos que lá havia...

Era outro imprestável,
Pensando que um dia podia alcançar,
O inimaginável,
A meta da vida era ser,
Inacreditável,

Inútil tais sonhos eram,
Pois no começo do caminho ainda estava,
E já me sentia sozinho,

Solidão está nunca me abandonará,
Mesmo na cama com ela,
Pesadelos me assombravam,
Fato este, nunca contará,
E talvez, nunca contarei,

Perto de ser suficiente?
Nunca seria,
Era um boneco sem estofamento,
Era piscina sem água,
Era fósforo sem nada para queimar,

Nunca pude ser o suficiente,
E deste fato lido todo dia,

Meu peito nunca há de doido tanto,
Quanto doeu naquela tarde,
Era difícil de respirar,
E eu não podia pensar,

Você me lembra?
Era do que tanto ódio?
Ódio deles? Ou ódio de mim mesmo?
Era tristeza por perde-la
Ou por prendê-la?

Eu não sei,
Eu quem sou?
Nada sou,
Nada serei

O dia estava me machucando,
E ainda nem havia passado das 7 da tarde.

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