Katrine era uma garota simples, que
amava viajar para os lugares e conhecer pessoas novas, era uma daquelas pessoas
que você não pensaria duas vezes antes de ir tentar puxar algum assunto.
Mas são apenas... Detalhes.
Ela tomou antes de sair de casa um
leve café da manha que tomava todos os dias, um copo de leite e um pedaço de
pão de trigo.
Era dia 6/2/2014, um dia especial
para ela, afinal, era seu primeiro dia no novo emprego, para chegar até o local
de trabalho ela utilizava o sistema de trens e metrô, era fácil, por mais que
fosse desnecessariamente lotado na opinião dela.
Descendo do treme seguindo em
direção à saída, passando pela catraca velha e rígida. Seguindo pela passarela
para continuar seu percurso para o trabalho.
A cidade nova chama atenção da
pequena estagiaria e a faz olhar atentamente para todos os prédios, casas,
lojas e para as pequenas arvores que lá havia.
E encostada em uma delas havia um
mendigo, cego, com idade avançada e que parecia falar algo sozinho.
Apenas por uma leve curiosidade
Katrine se aproxima só um pouco do velho mendigo, o suficiente para que possa
ouvir o que ele diz.
O velho era realmente cego, porem
de alguma forma sabia quando alguém passava na sua frente.
Katrine sentou em um dos bancos
próximos ao mendigo e como estava muito adiantada para o trabalho começou a
observar.
Um homem de 25 anos, com terno,
gravata e uma maleta passou pelo mendigo e Katrine pode ouvir o velho dizer:
“galinha”.
De principio ela não viu o que fazer
senão amenizar uma leve risada pelo comentário do velho.
Passaram seus 10 minutos que estava
adiantada observando.
Varias pessoas passaram e receberam
diversos comentários do velho.
Um homem gordo de 21 anos que foi
chamado de peru
Uma mulher de 25 que foi chamada de
vaca
Uma velha que foi chamada de camarão
E mais um homem de 32 anos que foi
chamado de vaca também.
Muito curiosa Katrine teve que
correr para seu trabalho, prometendo a si mesma que iria descobrir o
significado das palavras do velho mendigo.
Quando se levantou para correr ela
passa em frente do velho e é chamada de vaca também, isso há deixou um
pouco desconfortada, mas não se incomodou muito com aquilo, apenas correu para
o trabalho.
A jornada de trabalho foi rápida
para a nova estagiaria, como não estava com muito trabalho ficou admirando sua
colega de trabalho fazer algumas planilhas e pedindo ajuda para fazer sua.
Na volta ela viu o senhor parado no
mesmo local, do mesmo jeito, falando das pessoas assim como antes: Peru,
galinha, trigo, humano e morangos.
Respectivamente para uma mulher de
meia idade, um senhor bem vestido, um homem sorridente e uma menininha de 10
anos.
Katrine voltou para sua casa ainda
pensando no mendigo, tomou seu banho, comeu algo rápido, macarrão instantâneo e
depois se jogou na cama.
No dia seguinte ela acordou e fez a
mesma rotina, se arrumou e saiu de casa depois do seu café da manha, desta vez,
leite e alguns biscoitos.
Pegou a mesma rota do dia anterior,
e passou novamente pelo mendigo, igual ao dia anterior, estava adiantada e
resolveu se sentar e ouvir o velho mendigo novamente.
Passaram-se alguns minutos e ela
avistou de longe sua colega de trabalho chegando,
Katrine a via como sua chefa, por
mais que não fosse.
Fabiane era seu nome.
Fabiane passou na frente do mendigo
e como fazia sempre chamou ela de alguma coisa, a chamou de humano.
Sem entender ainda o que ele falava
Katrine levantou e foi para o escritório junto de sua colega de trabalho, e
quando passou em frente ao mendigo o ouviu dizer “vaca”.
Ainda assim, como antes, ela não
ligou e continuou andando.
Seu dia no trabalho passou muito rápido,
com o convite de Fabiane para passar o final de semana em casa vendo filmes e
comendo pizza.
Claro, sem hesitar o convite foi
aceito por Katrine.
As ultimas 2 horas de trabalho
foram ainda mais rápidas do que o dia inteiro.
Logo ela já estava com sua bolsa e
saindo do prédio.
Precisava voltar logo para casa
para preparar sua mochila ou bolsa para o final de semana fora de casa.
Quando voltou o mendigo, continuava
lá, no mesmo lugar.
Por pura curiosidade ela foi até o
mendigo e sem pensar duas vezes perguntou:
“Por que chama as pessoas dessa forma?”
O mendigo foi educado em responder:
“Minha querida é um dom que possuo,
eu sei qual foi a ultima coisa que as pessoas comeram”.
Com interesse ainda no ar, ela
lembrou que havia tomado leite no café da manha, então por isso tinha sido
chamada de vaca, tomava leite nas duas manhas que passou pelo mendigo.
Katrine simplesmente agradeceu,
voltou para casa lembrando-se das coisas que ouviu o mendigo chamar as pessoas.
Ela abriu a porta de casa, entrou,
tirou os sapatos e se jogou na cama, pensando em o que deveria levar para o
final de semana.
Depois de pensar começou a colocar
algumas coisas em uma bolsa e deixou na sala.
Foi tomar banho e depois dormiu em
sua cama.
A noite foi tranquila e pensativa,
pensando nas coisas que ouviu e no trabalho também.
Levantou cedo para deixar a casa em
ordem.
Arrumou tudo que podia e o que não
pode foi deixado para ser organizado em outra hora.
Colocou sua bolsa no ombro e saiu de
casa.
Fabiane estava em sua porta com um
carro simples.
Katrine entrou no carro e as duas
seguiram a viajem.
Logo as conversas começaram a
surgir, diversos assuntos dos mais variados tipos.
Em meio aos assuntos Katrine fez
uma pergunta:
“Do que foi que o mendigo te chamou
ontem?”
Ela não virou o rosto para olhar
para Katrine, apenas disse:
“não me lembro dele ter dito algo”
Katrine pensou em silencio a viagem
toda...
Ao virar algumas esquinas pararam em
frente a uma bela casa com abertura para caber um carro, o portão automático começou
a abrir e Fabiane começou a entrar na garagem quando Katrine disse:
“Humano, foi disso que ele te
chamou ontem...”.
Fabiane colocou a mão na lateral do
banco:
“compreensível”
Nenhum comentário:
Postar um comentário